BENEDICTUS, PAPAM
PONTIFEX MAXIMUS
AD PERPETUAM REI MEMORIAM
Que a luz resplandeça no mundo, pois Aquele que é a Palavra eterna do Pai quis entrar na história dos homens, fazendo-Se voz audível, rosto visível e verdade comunicável. Desde os seus primórdios, a Igreja, depositária deste mistério, reconheceu na comunicação um elemento intrínseco à missão que lhe foi confiada por Cristo Senhor: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15).
Ao longo dos séculos, esta missão assumiu formas diversas, segundo as condições dos tempos e das culturas, sem jamais perder a fidelidade à Palavra recebida. Contudo, na época presente, marcada por uma profunda mutação antropológica e tecnológica, a comunicação deixou de ser mero instrumento para se tornar um verdadeiro espaço vital, no qual se estruturam relações, se formam consciências e se decide, não raras vezes, o destino da verdade.
Neste novo areópago, a Igreja é chamada a manifestar, com renovada clareza e responsabilidade, a luz que lhe foi confiada, não como imposição, mas como dom; não como ruído, mas como palavra que ilumina; não como poder, mas como serviço à verdade que liberta. Tal tarefa exige unidade de visão, coerência institucional e um discernimento espiritual à altura dos desafios contemporâneos.
Por isso, acolhendo as exigências do nosso tempo e movidos pelo dever pastoral de garantir uma comunicação eclesial orgânica, fiel e evangelicamente eficaz, julgamos oportuno proceder a uma reordenação dos organismos da Santa Sé dedicados a esta matéria.
Assim, pela presente Carta Apostólica em forma de Motu Proprio, INSTITUÍMOS o Dicastério para a Comunicação, como organismo da Cúria Romana, equiparado aos demais Dicastérios, ao qual confiamos a promoção, a coordenação e a supervisão de todas as atividades comunicacionais da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano, segundo as normas do direito vigente.
Confiamos a este Dicastério a tarefa de zelar para que a comunicação da Igreja, em todas as suas expressões, seja fiel à verdade revelada, respeitosa da dignidade da pessoa humana e inspirada pela caridade cristã, favorecendo a unidade e evitando toda forma de divisão ou instrumentalização indevida da mensagem evangélica. Do mesmo modo, confiamos-lhe o cuidado com a formação ética, teológica e profissional daqueles que exercem o serviço da comunicação eclesial, bem como o diálogo atento e prudente com o mundo da cultura, da ciência e das novas tecnologias.
Todo o serviço comunicacional da Sé Apostólica deverá encontrar no mistério do Verbo encarnado o seu princípio inspirador, pois Aquele que permaneceu plenamente Deus quis falar aos homens na sua própria linguagem, com humildade e verdade. Assim também a comunicação da Igreja deverá conjugar fidelidade doutrinal e clareza pastoral, evitando tanto a rigidez estéril quanto a simplificação que empobrece o mistério.
Determinamos que tudo quanto foi aqui estabelecido tenha pleno vigor, revogando-se quaisquer disposições que lhe sejam contrárias, e ordenamos que a presente Carta Apostólica entre em vigor no ato de sua publicação..


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