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Città del Vaticano | Edizione del 13 ottobre 2025A FÉ DO BRASIL E A PRAÇA DE SÃO PEDRO
Pela primeira vez um Pontífice preside, fora do Brasil, a Santa Missa em honra de Nossa Senhora Aparecida, padroeira nacional; entre simplicidade e continuidade, Clemente II imprime à Igreja um novo estilo
Nesta manhã de domingo, a Praça de São Pedro transformou-se em um verdadeiro santuário mariano sob o olhar da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil. Diante de milhares de fiéis e peregrinos vindos das dioceses brasileiras, o Papa Clemente II presidiu a Santa Missa em honra da Virgem Aparecida, a primeira vez que esta celebração é presidida por um Romano Pontífice fora do território brasileiro.
O gesto, carregado de significado pastoral e histórico, foi interpretado como um marco na consolidação do Pontificado do Papa oriundo da Terra de Santa Cruz. A liturgia, celebrada em português, uniu solenidade e simplicidade, refletindo o espírito de um Papa que tem escolhido alguns sinais: sem cruz peitoral de ouro, sem mozeta, com o anel de prata e os muleos reservados apenas às Missas.
Em sua homilia, Clemente II destacou o papel de Maria “como Mãe que guia o povo na travessia das águas da história”, evocando o milagre do encontro da imagem nas águas do rio Paraíba do Sul. “Aparecida, disse o Pontífice, não é apenas um título mariano, mas uma mensagem: Deus se revela aos pequenos e aos que confiam, mesmo quando tudo parece perdido.”
A celebração, cuidadosamente preparada pela Congregação para o Culto Divino, recordou também a autoridade litúrgica suprema do Romano Pontífice, que, em virtude de seu munus, é o legislador da liturgia universal. Assim, ao celebrar Nossa Senhora Aparecida na Praça de São Pedro, Clemente II inscreveu definitivamente esta devoção no coração da Igreja universal, oferecendo um testemunho de fé e unidade.
O Santo Padre, ao término da Missa, dirigiu-se ao Pátio São Dâmaso, onde assistiu ao juramento da Guarda Suíça Pontifícia, fundada por seu predecessor, o Papa Urbano, em janeiro deste ano. Os novos guardas, de uniforme cerimonial, prometeram fidelidade “ao Papa Clemente II e aos seus legítimos sucessores”, sob aplausos da multidão.
Com gestos discretos, Clemente II vem imprimindo um novo ritmo à vida da Igreja. Entretanto, nem todos os âmbitos da Cúria Romana acolhem com igual prontidão as novas ênfases deste pontificado. Persistem tonalidades herdadas do governo anterior, e a presença ainda significativa de cardeais e altos funcionários formados sob o espírito de seus antecessores confere ao atual cenário uma tensão discreta, mas perceptível, entre tradição administrativa e impulso pastoral. O estilo pessoal do Papa, marcado pela simplicidade dos sinais, pela proximidade com o povo e pela clareza pastoral de sua linguagem, tem, assim, introduzido uma respiração nova em um organismo ainda habituado a ritmos mais solenes, inaugurando um tempo de diálogo entre o antigo e o novo.
Ainda assim, cresce entre os fiéis a percepção de que o Pontificado de Clemente II é um tempo de autenticidade e de retorno à essência evangélica. Sua ligação com o Brasil, sua terra natal, tem se revelado não como um traço folclórico, mas como uma ponte espiritual que aproxima o coração latino da universalidade da Igreja de Roma.
Enquanto o coro entoava o hino “Viva a Mãe de Deus e nossa!”, os sinos da Basílica soaram longamente. Era como se Roma, pela voz do Papa, tivesse dito ao Brasil: “Aparecida é nossa também.”


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