Fotografia do documento original, assinado pelo Papa Pio III
e enviado ao Bispo Dominique François Mamberti
PIUS, EPISCOPUS
SERVUS SERVORUM DEI
AD PERPETUAM REI MEMORIAM
Ao estimado bispo Dom Dominique François Mamberti, até aqui Bispo Auxiliar da Diocese de Roma, nomeado Patriarca de Lisboa, e aqueles que lerem estas Letras Apostólicas, saudação e bênção apostólica.
Na excelsitude da missão apostólica, confiada por Cristo ao Pescador da Galileia e perpetuada nos séculos pela sucessão ininterrupta dos Pontífices Romanos, cabe ao Romano Pontífice, como vigário visível do Verbo Encarnado, discernir, com olhar sobrenatural e espírito previdente, os tempos e os pastores que, segundo o desígnio da Providência, devem ser postos à frente das porções do rebanho do Senhor.
Entre as Sés patriarcais da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, a Sé de Lisboa resplandece como insigne trono de fidelidade, baluarte de ortodoxia e fonte perene de irradiação evangélica. A nobre Nação Lusitana, cuja história está entretecida com os lauréis do martírio, da santidade e da missão, foi, por nossa vontade soberana e após prudente consulta aos órgãos competentes, recentemente honrada com a elevação da sua veneranda Arquidiocese ao grau patriarcal, conforme estabelecido em Nossas Letras na In Sublimi Principatu, cuja memória, como incenso no templo, permanecerá viva nos anais da Igreja.
Ora, tendo o diletíssimo filho Dom Józef Marx Rainer, até então Patriarca de Lisboa, por motivos ponderosos e sinceros, manifestado o desejo de se retirar das lides pastorais, e Nós, após serena reflexão e comovida gratidão, havermos aceitado tal resignação, ergue-se agora, diante de Nós, o dever sacratíssimo de prover aquela dileta Sé com novo Pastor, digno das suas glórias e atento às suas esperanças.
Por isso, sustentados pelo Espírito de Sabedoria e Conselho, e apoiados na plenitude da autoridade apostólica que herdamos do Bem-aventurado Pedro, NOMEAMOS a ti, o diletíssimo filho, até então Prelado eminente da Cúria Romana e profundo conhecedor da vida da Igreja Universal, como Patriarca da Igreja de Lisboa, com todas as faculdades, privilégios, insígnias, precedências e responsabilidades que àquela excelsa dignidade canonicamente pertencem. Confiamos, com paternal esperança, que o novo Patriarca será para a grei lusitana, confiada à sua vigilância pastoral, um guia iluminado, um mestre fiel da doutrina e um defensor intrépido da verdade, especialmente nestes tempos em que a fé, tantas vezes obscurecida por ventos contrários, deve resplandecer com fulgor ainda maior nos corações dos fiéis.
Invocamos a intercessão dulcíssima da Santíssima Virgem Maria, sob o título de Nossa Senhora da Esperança, bem como dos santos padroeiros Vicente, invicto mártir, e Antônio, doutor seráfico, cujas virtudes se erguem como colunas da Igreja lusitana.