"O Senhor é o pastor que me
conduz, não me falta coisa alguma!" (Cfr.
Sl. 20).
Essas belíssimas palavras, do salmo 22,
ecoam na sede de Pedro, neste início de pontificado. Sim, meus irmãos e
irmãs, o Senhor, mais uma vez, não faltou com Sua Igreja, dando-a um novo papa
e, assim, permitindo a continuidade da nossa missão apostólica. Este vosso
servo, escolhido mediante a solicitude dos cardeais para ser pontífice da
Igreja, é um homem humanamente frágil. Contudo, é o Senhor, o Bom Pastor, a
quem fui chamado indignamente a representar neste orbe, que nos conduzirá. Mesmo diante das turbulências que nos desafiam
cotidianamente, nada nos faltará, porque é Ele quem nos conduz. Esta certeza ao
mesmo tempo nos conforta e nos impele a prosseguir com nosso caminhar.
Na primeira leitura, o Profeta Ezequiel evoca a imagem de Deus como o bom Pastor que busca suas ovelhas. Este texto é particularmente significativo para este momento, pois nos convida a comtemplar a solicitude divina que se manifesta no cuidado com o rebanho. A exemplo do Bom Pastor, somos chamados a buscar as ovelhas dispersas, a acolher aqueles que se encontram afastados, e guia-los de volta à comunhão com Cristo e Sua Igreja. Esta responsabilidade, porém, não recai apenas sobre o Bispo de Roma, mas sobre toda a Igreja.
O profeta Ezequiel continua sua visão profética, dizendo: "Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o Senhor Deus. A perdida, eu a procurarei; a desgarrada, eu a reconduzirei; a quebrada, eu a curarei" (Ez 34,15-16). Aqui, encontramos a missão compassiva da Igreja: apascentar, procurar, reconduzir e curar. Esta é a essência do serviço pastoral, um chamado a imitar o próprio Deus que se inclina com amor para cuidar de Suas ovelhas.
Ao expandirmos nosso olhar para o evangelho, constatamos a bonita profissão de fé de S. Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (Mt. 16, 16). A resposta de Pedro, diante da indagação de Jesus, nasce de sua experiência de fé. Somente a partir de uma relação estreita com Deus, mediante a fé, que poder-se-ia chegar à resposta dada por Pedro. E é nessa fé de Pedro que o Senhor confiou a primazia da Igreja: “Tu és Pedro — rocha, pedra — e sobre ti, como sobre uma pedra, Eu edificarei a Minha Igreja” (Mt. 16, 18). Hoje, reunidos sobre o túmulo de Pedro, o Senhor faz ressoar em nós esta pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (Mt. 16, 15). Tal como S. Pedro, somos chamados a proclamar nossa fé no Deus Vivo!
Por fim, caríssimos irmãos e irmãs, faço o apelo para que rezem continuamente a Deus pelo meu ministério e me ajudem a bem servir o rebanho que me foi confiado. Que a confissão de fé de Pedro continue a ressoar por toda Igreja, como um eco constante que nos guia e inspira nesta jornada de fé. Assim seja.
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